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Julie and the Phantoms: do Brasil para o mundo



É certamente intrigante como as histórias são capazes de viajar e tocar o coração das pessoas de diferentes lugares do mundo. Elas são contadas e recontadas de geração para geração, de diferentes pontos de vista, seguindo os modelos de narrativa clássica, moderna ou contemporânea, mas apesar de muitas vezes as histórias mudarem algo de sua essência se mantêm e ela segue seu percurso. Hollywood e as produções norte americanas no geral possuem um olhar bem afiado na constante busca por história de outros países que foram sucesso para reciclá-las e lançarem suas novas versões, os chamado remakes. Mas essa prática não é exclusividade americana. Diversos países fazem remakes e muitos filmes ou séries que assistimos já tiveram uma versão anterior.


O Brasil tem o potencial de vender lá fora. O sucesso de produções brasileiras nas plataformas de streamings, em especial da pioneira Netflix são uma prova disso. Mas antes disso, já tivemos remakes produzidos. Os filmes “Dona Flor e seus dois maridos” (1976), “O candidato honesto” (2014), a série “Como aproveitar o fim do mundo” (2012), a minissérie “Amores roubados” (2014), e a novela novela “O Clone” (2001), são títulos que já tem remakes gringos (e não só americanos!).




Em nosso não tão passado ano de 2020 a série Julie and the Phantoms da Netflix fez um grande sucesso de público. Trazendo como showrunner nada menos do que Kenny Ortega (High School Musical 3: Ano da Formatura - 2008), e um elenco muito bem selecionado, incluindo incluindo a estreante Madison Reyes (em seu primeiro papel e já como protagonista). A série de 8 Episódios conta a história da adolescente Julie que após a morte da mãe perde sua paixão pela música. Tudo muda quando uma banda de três fantasmas aparece na garagem da casa de Julie, e agora conectados pela música esses quatro personagens irão se ajudar se unindo dos dois lados da vida. Com muita música, coreografias incríveis, e uma produção muito bem feita a série conquistou sucesso de publico em diversos países.



Já o que muita gente não sabe é que essa série é um remake de uma série BRASILEIRA, “Julie e os Fantasmas” (2011), que foi uma produção da Band em parceria com a NickelondeonBrasil. A série recebeu o troféu APCA na categoria “Melhor Programa Infanto-Juvenil" e foi indicada ao Kids' Choice Awards, à sua edição argentina, aos Meus Prêmios Nick e ainda ao Kids Emmy Awards. Além de ser exibida no Brasil, a obra foi exibida em toda a América Latina através das filiais da Nickelodeon, e na Itália pelo canal Super!.


Quando falamos de remakes ou novas adaptações sempre vem algumas diferenças considerando público alvo, foco narrativo, meio de exibição etc. Na versão brasileira, a série foi veiculada em canal de TV, o que prevê quebras de ato em funções dos intervalos comerciais, além das repetições de fatos de episódio para episódio (bem comum nas novelas) que tem por finalidade situar o público na história. Além da narrativa ser para um público mais infantil. A edição brasileira de “Julie e os Fantasmas” teve cerca de 24 episódios.

São duas propostas diferentes. A nova versão da Netflix, tem a liberdade narrativa que os streamings permitem, diferenças nas minutagem dos episódios que giram em torno de 24 - 38 min), e a ausência de quebras de intervalos permite ter um público mais concentrando diminuindo a necessidade de repetições e contando com mais incógnitas que fisgam a curiosidade do público. Na versão da Netflix, os fantasmas aparecem para os vivos quando tocam com Julie. A nova versão tem um toque de musical, os episódios são nomeados de acordo com a música principal que será apresentada em cada um deles. Inclusive, a trilha sonora é digna de menção. Uma curiosidade é que a diretora da escola se chama Lessa, em homenagem a Mariana Lessa, atriz que interpretou Julie na versão brasileira da série.



Infelizmente, apesar do sucesso de público a Netflix não renovou “Julie and the Phantoms” para sua segunda temporada. O que é bem ruim para a história em si que ficou sem final. A primeira temporada terminou com várias pontas soltas e um gancho para a segunda temporada que nunca chegará. C’est la vie. Ainda assim, é uma série que vale a pena assistir, principalmente para nós roteiristas como estudo de caso para vermos o potencial das nossas histórias e como elas podem sim, ir do Brasil para o mundo.


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