F1- Dirigir para viver - Temporada 4 – Quando a vida supera a arte

Para os fãs de Fórmula 1, o maior esporte a motor do mundo, Drive to Survive foi um bálsamo que trouxe uma nova vida à categoria. A série documental, já em seu quarto ano, anualmente narra os acontecimentos da temporada no esporte, não só o que acontece em pista, mas principalmente, todas as tretas atrás dos holofotes; dos boxes cheirando a óleo à luxuosos jatos particulares, onde contratos milionários são fechados e rompidos.
A Fórmula 1 que há anos andava em declínio de audiência, desde o lançamento da série da Netflix vem experimentando um boom de novos expectadores, apaixonados pelo esporte e por seus personagens pitorescos. Assim, Drive to Survive se tornou uma verdadeira pantomima da vida real do paddock, gerando intrigas, aumentando-as, artificialmente criando heróis e vilões e trazendo emoção à temporadas passadas da categoria que foram menos interessantes que a série retratou.
Entretanto, a temporada de 2021 da Fórmula 1 vem sendo apontada por muitos como a melhor temporada de todos os tempos. Isso em muito graças à batalha épica travada pelos dois melhores pilotos do grid. De um lado, Lewis Hamilton, um veterano com sete títulos nas costas e empatado com o lendário Michael Schumacher como o maior piloto da história (em número de títulos). Do outro, Max Verstappen, um audacioso e talentoso jovem que finalmente tem nas mãos o carro com potencial para desafiar o inglês e ganhar seu primeiro título mundial. Dois titãs.
Enquanto estes dois gladiadores duelavam na pista roda-a-roda em cada corrida, uma batalha política tão quente quanto, ou até mais, foi travada por suas respectivas equipes; Mercedes e RedBull, através de seus chefes, o irritadiço Toto Wolff e o petulante Christian Horner.
Apesar do combate no palco principal ser épico, a luta nos níveis inferiores também não deixou a desejar. As célebres Ferrari e Mclaren também lutaram arduamente pelo terceiro lugar no campeonato de construtores e lutas tão acirradas quanto aconteceram também ainda mais abaixo, entre a nova Alpine e a arrojada Alpha Tauri.
A série também foi eficaz ao mostrar as dificuldades do fundo do pelotão. Equipes com menos recursos se esforçando para conseguir pontos (ou não destruir o próprio carro) à cada corrida. O roteiro cria em Gunther Sneider, chefe da Haas, a equipe mais fraca, um personagem simpático, divertido e diligente. É impossível não simpatizar com o sujeito.
Em situação oposta, a série acaba vilanizando o jovem talento Lando Norris da Mclaren, mostrando-o como um sujeito arrogante e sem um pingo de empatia por seu companheiro de equipe, o homem-sorriso Daniel Ricciardo que teve uma temporada deplorável em sua estreia na equipe papaya.
Apesar da série se esforçar, nada se compara ao drama real que aconteceu na última corrida em Abu Dhabi, quando Hamilton e Verstappen chegaram empatados e graças à uma polêmica decisão fora da pista, Hamilton perdeu o título para Max na última volta, gerando indignação de muitos.
Drive to survive é um sucesso inconteste na Netflix e à despeito das reclamações de muitos pilotos e trabalhadores da F1, que alegam (com razão) que a série deturpa fatos e personagens, é inegável que graças à ela a Fórmula 1 está de volta aos holofotes da mídia, nas graças de fãs antigos e novos e enchendo cada vez mais os já fartos bolsos de seus dirigentes.