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Como Arruinar uma Boa História.



Estreou essa semana, na Amazon a sequência de um dos filmes favoritos da infância dos anos 80. Um Príncipe em Nova York (coming to America) foi um dos filmes que solidificou a carreira de Eddie Murphy como um superstar. O filme conseguiu isso com personagens carismáticos, boas referências e uma história super simples. "Para fugir de seu casamento arranjado, Um príncipe viaja para o Queens para procurar o amor verdadeiro."


A sequência tinha tudo pra dar certo. Se apoia em um bom filme que está associado com um sentimento gostoso de nostalgia. Trouxe grande parte do seu elenco original de volta e se beneficia pelo novo momento histórico em que vivemos. O mundo é bem diferente hoje do que era em 1986 e o filme se beneficiaria muito disso.


No entanto, o que chegou na Amazon Prime Video foi uma lição de como arruinar uma boa história. Fiquei tão revoltado que me senti compelido a vir aqui compartilhar essa frustração com vocês.


Eu não tinha altas expectativas quanto ao filme, até porque o primeiro não é uma obra prima. É uma comédia simples com excelentes personagens. Era isso que eu esperava, afinal, todos os excelentes personagens estavam de volta. era só usar uma história igualmente simples e... violá! mais um sucesso.


Nossa, como eu estava errado. Eles conseguiram cagar justamente na parte mais fácil, a da história simples. Eles criaram tantos personagens com tantas dinâmicas diferentes, que era impossível saber qual o filme estamos assistindo.


O filme parece que vai ser sobre a busca por um filho perdido. Mas isso se resolve em poucos minutos. Apesar dele chegar em NY e imediatamente encontrar o filho... em Nova York.... em dia de jogo.


O filme se torna uma versão oposta do primeiro, o garoto pobre vai para o palácio na Africa e conhece os prazeres da riqueza infinita. Hummmm, legal. Ele vai aprender que dinheiro nenhum no mundo compra a sua dignidade, ou sua independência, mas ele vai aprender com o processo e voltar transformado para se tornar o rei do seu próprio mundo. Mas isso também ficou pra trás.


Ahhhh, ele tem uma filha que é a escolha mais óbvia para ocupar o trono, e o filme vai ser como ele buscava um herdeiro na America quando na verdade a herdeira que ele precisava estava ao seu lado o tempo todo. Que história bacana.... mas ela tem muito pouco tempo de tela.


Nossa, um general de um país africano pobre trama o assassinato de Akeem a não ser que suas famílias se unam em um casamento arranjado. Justamente por ser quem é, esse é um conflito maravilhoso e eu adoraria assistir a um filme inteiro só sobre isso. Akeem vai arriscar a segurança da nação ou vai obrigar o filho a se casar com alguém que ele não ama? Infelizmente, isso também não é desenvolvido nem resolvido.


Por um momento, parece que o novo príncipe está realmente interessado na princesa que lhe foi prometida e está disposto a provar seu valor para conquista-la. Seria uma ótima linha narrativa que definitivamente me lembra o arco de Aladdin, mas é abandonada quase que imediatamente.


Ah, o novo príncipe se apaixonou por uma empregada do palácio e os dois fogem de volta para Nova york para começar uma vida do zero, porém juntos. Seria uma história fantástica, mas infelizmente não terminou desse jeito.


Em determinado momento no início do filme, a personagem de Leslie Jones quando questionada se LaVelle é, de fato filho de Akeem. ela responde "Pode ser. naquela época eu era prostituta." No momento em que ela falou isso eu saquei qual era a do filme. No último minuto, Akeem vai descobrir que LaVelle não é seu filho de verdade, mas que nesse meio tempo o garoto de apaixonou pela sua filha, e como não são irmãos, se casam, e ele acaba virando principe por casamento. Seria simples e efetivo. Mas aparentemente essa resposta não teve impacto nenhum na história. Até o óbvio "vamos fazer um teste de DNA nesse completo estranho antes de dar a ele uma chave para um cofre de dinheiro infinito." foi ignorado para a história poder funcionar.


De todas as possíveis linhas narrativas, o filme escolheu todas e nenhuma ao mesmo tempo. Tentou criar conflitos e dinâmicas que não levaram a lugar nenhum, tinha uma profunda dificuldade em focar em quem era o protagonista da história, já que o ponto de vista narrativo muda constantemente ao longo do filme.


Enfim, se você quer fazer um filme para agradar as massas, siga esse conselho: "menos é mais". Aposte em uma história simples que sirva para fazer seus personagens brilharem. O resto se encaixa sozinho. Um Príncipe em Nova York 2 é um perfeito exemplo de como arruinar um bom projeto com um roteiro que tenta abordar tudo e acaba não dizendo nada.

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