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O que faz um BOM vilão?


A maioria das tramas tradicionais possui um antagonista, um vilão, alguém que vá contra as convicções, ideologias e objetivos do nosso protagonista, não importando o lado que ele esteja. Mas o que faz um vilão ser icônico, admirado e empático a audiência? O que faz um vilão ser bom?


Primeiro vamos definir que o antagonista é sempre aquele contrário ao nosso protagonista, mas de que certa forma exerce uma importância igual, ou até maior que o nosso herói, mesmo que seu tempo de tela seja menor. Ele possui um trajeto também, uma história a ser contada da mesma maneira. Podemos caracterizar o antagonista em duas classes, sendo elas:


Tangível: Uma pessoa ou um grupo de pessoas, um animal, uma corporação, um monstro. Alguém que tenha forma física e atue diretamente com o protagonista em algum momento da trama.


Não-tangível: Seres divinos, a natureza, o sistema. Não possui uma forma física, e por muitas vezes nem um objetivo claro, eles fazem aquilo simplesmente porque está no seu DNA.


Vilões tangíveis são fáceis de reconhecer e serem apontados, quase sempre ele está presente no filme seja desde o começo, ou se revelando no final, podemos citar nomes conhecidos como Darth Vader, Coringa, Anton Chigurh, seus movimentos são diretos e indiretos, ele pode manipular outros a fazerem coisas contra o nosso personagem principal, ou bater de frente com ele.


Já os não-tangíveis atuam principalmente indiretamente, usando de outras peças para atrapalhar a jornada. Em O Regresso, podemos dizer que um dos antagonistas é a própria natureza hostil e a dificuldade de supera-la. Veja, não podemos chamar o Urso de vilão, ele nem ao menos conhece Hugh Glass, e sua primeira experiencia com ele é momentos antes do embate. Ele apenas faz o que é próprio de sua natureza. Assim como a natureza da corrupção que foi retratada em Tropa de Elite.

Agora as motivações podem ser classificadas em:


Empatia: O objetivo é nobre apesar do sacrifício, e se o filme fosse escrito pela visão do antagonista daria um drama de auto sacrifício. Personagens assim possuem um código de ética claro, se solidarizam com outras pessoas, as vezes são tão humanos quanto o protagonista.


Revolucionário: Movido por ideologias, ele quer a mudança do mundo, seja pro bem ou pro mal.


Relutante: Não quer causar problemas, mas para ele está é a única opção viável.


Anarquista: Seu objetivo principal é causar a discórdia, o ódio, as vezes podemos compara-lo a um psicopata, por vezes, sua inocência não o faz ver o mal que causa.


Puramente Mal: Sua natureza fez assim, seu objetivo é causar o mal sem ver as consequências.

Difere do anarquista por causa de suas origens, geralmente são monstros, seres ancestrais ou deuses da destruição.


Claramente que quanto mais descemos nas classificações, menos a audiência se solidarizará com o vilão. O que faz criar empatia é conhecer as motivações do vilão, questiona-las e perceber que dentro do possível você faria o mesmo. Que nem um irmão dedurando que o outro está fumando escondido. Isto não faz dele mal, contudo, foi contra o seu irmão, causando conflito.


Lembrando que: Não existe vilão sem conflito.

A audiência também pode rejeitar vilões rasos e poucos explorados, ou adota-los como um ícone cultural, veja o exemplo de Cthulhu, não sabemos ao certo sua origem e sua missão, mas ele ganha destaque pelo seu design interessante, o mistério envolto da figura milenar e seu culto.


Então respondendo todas as perguntas:


O que faz a audiência simpatizar com o vilão? Backstory, enredo por trás das motivações e por fim desenvolvimento.


O que faz um vilão icônico? Muitos fatores, o que podemos atribuir a principio é o impacto que ele terá envolvendo aspectos secundários como aparência, expectativa e mistério.


E o que faz um BOM vilão? Muito difícil responder essa, veja um vilão pode ter todas as características descritas neste post e ainda ser considerado um vilão ruim. Creio que tudo se baseie em construção do personagem, se ele se encaixa com o restante da história e dá um contraponto ao protagonista. Existem vilões bons mal aproveitados nos seus próprios filmes e vilões que são maiores que os protagonista. A melhor forma de escrever um vilão é pesa-lo e ver se tem 50% de relevância ao roteiro, sendo os outros 50% relegado ao protagonista. Se ele tiver mais, provavelmente você escreveu um protagonista.

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