Escrevendo um Blockbuster

Entre os inúmeros gêneros de filmes, temos aquele que se destaca pela popularidade, os Blockbusters, filmes feitos para entreter o público, com orçamentos gigantescos e arrecadações surpreendentes, que param o país e estão na boca de todo mundo. Basta ir a um cinema de shoppingcenter, provavelmente 90% das salas estarão ocupadas por um blockbuster, sessões lotadas, isso ao que referimos como um filme de sucesso. Muitos pensam que é fácil escrever um blockbuster e logo no dia seguinte ser um dos roteiristas mais bem remunerados pela indústria, mas digamos que não é bem assim, um blockbuster sempre pende em uma corda bamba, onde de um lado está o sucesso financeiro e do outro o total fracasso que pode custar sua carreira. Você quer saber como escrever um blockbuster? Então pegue sua pipoca com manteiga, jogue alguns M&M’s e venha ler este artigo.
Para ajudar a nos organizarmos, vou dividir este artigo em tópicos, claramente não posso explanar tudo que é necessário para se construir um filme arrasa-quarteirão, mas tentarei pincelar os principais temas. Então vamos ao primeiro tópico:
Tópico 1 – Tema
Apesar de ser um filme feito para as grandes audiências, o blockbuster não foge a regra, ele precisa de um tema. Geralmente o tema destes tipos de filme dialogam diretamente com o público, para se criar uma empatia, temas comuns são desajuste social (como em DivertidaMente), jornada de autodescoberta (Senhor dos Aneis, Harry Potter) ou superação, como o mais recente filme da Marvel, Vingadores.
O tema também pode englobar o universo da série, quando estabelecemos uma geografia e época próprias para o nosso filme caímos em temas mais fáceis de se discutir. Por exemplo, um filme de gladiadores falará de gladiadores, homens brutos que mesmo assim possuem algo ao qual querem proteger, seja sua fé, nação ou família. Em um filme de um futuro distópico cairemos obviamente na critica consumista e governamental. Também podemos explorar de maneiras mais criativas algumas temáticas, sempre seguindo as regras que o nosso universo estabeleceu para nós.
Um ponto comum é que a maioria destes são jornadas épicas, de pessoas comum fazendo grandes façanhas, o que já nos leva ao seguinte tópico.
Tópico 2 – Estrutura
Sim, estrutura, e não, não estou falando do paradigma dos três atos. Muito provavelmente você usará o paradigma, mas estou a falar de algo diferente, sobre mitos e jornadas épicas.
Todo grande Blockbuster é um mito, um mito moderno!
Como assim? É simples, Joseph Campbell já definiu lá atrás que temos propensão maior a nos identificarmos com uma chamada “Jornada do Herói”, um tipo de historia que se repetiu por diversos séculos, desde os contos gregos como Hércules, bíblicos como Sansão e Dalila até os heróis da Marvel.
A estrutura dita como a sua trama se move, e é importante entende-la para não cair nos velhos arquétipos e dar um maior senso de originalidade a sua obra. Não estou falando em quebra-la, mas se adaptar e explorar pontos nunca antes explorados. Por que a Jornada do Herói funciona mesmo após tantos anos? É simples, porque todos temos uma visão de mundo diferente, e é valido que nós a expúnhamos. É claro que existe diferentes estruturas que podemos seguir, como o ciclo da vida, as inúmeras variações de queda e ascensão ou homem contra a natureza, mas isso quem dita é você, o escritor.
Tópico 3 – O protagonista
Ainda dentro da Jornada do Herói, temos a peça chave do nosso longa, o personagem principal, aquele que acompanharemos por mais tempo dentro de tela. É importante criar um protagonista que se adapte tanto ao tema quanto a estrutura, voltando ao exemplo do futuro distópico, muito provavelmente nosso protagonista já nascerá forte, as condições do universo compeliram para que ele se adapta-se a miséria. Contudo vamos discutir o que torna o protagonista atrativo a audiência. Em primeiro lugar o protagonista deve ser um cara comum, alguém sem muitas pretensões, com mais defeitos que virtudes, mas que mesmo assim possui um senso de moral já norteado, a principio ele tentará recusar o chamado para a aventura, só que algo acontecerá e fará com que ele tenha que ir.
Em O Hobbit, Bilbo tenta recusar a viagem no começo, ele não quer interromper sua vida tranquila para ir direto ao encontro do perigo e da aventura, mas após alguns acontecimentos ele vai, mesmo que contra a vontade deste. Em qualquer versão de Homem-Aranha, Peter Parker consegue os poderes acidentalmente, mas usa-os de forma mesquinha, para próprio ganho, até que o Tio Ben morre, e ele reavalia todas as suas atitudes e muda seu pensamento para fazer o bem.
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Este são os três pontos fundamentais de um blockbuster, parece até simples, mas é necessário que o roteirista estude muito e aperfeiçoe-se para alcançar os resultados satisfatórios, além da estrutura da Jornada do Herói, você pode encontrar mais informações no próprio livro de Campbell, O Herói de Mil Faces, não é um livro voltado ao roteiro, mas elucidará muitos passos de como é dada essa estrutura milenar.
Recomendo também que você, roteirista, aprenda sobre arquétipos, e como eles se encaixam dentro da história, algo muito comum nos blockbusters. E se você ainda tem duvidas de como se escrever um longa do zero, considere a compra do livro azul do Roteirista Empreendedor, lá Bill Labonia elucida o processo de escrita e criação para que seu longa esteja nos conformes da indústria.