Game of Thrones: Começos e fins.

Neste domingo (14/04), após um hiato de quase dois anos a série mais aclamada mundialmente voltou, estamos falando claramente de Game of Thrones, baseada nos romances de George R.R. Martim e que há muito já se desprendeu deles e ganhou vida própria. Como uma das séries mais vistas no mundo, possui um seleto grupo de roteiristas que dominam a linguagem do storytelling, ou assim faz na maioria das vezes, irei analisar um ponto hoje que me chamou atenção no primeiro episódio do ultimo ano da série. Começos e fins.
[ Atenção, este post contém spoilers moderados do episódio 1 da 8 temporada de GoT ]

No já cultuado Manual do Roteiro, de Syd Field, seu autor já nos indica que “Finais e inícios se relacionam, e esse princípio pode ser aplicado ao roteiro”, e como isso se aplica a escrita? Simples, para que haja uma coerência na história ela deve terminar de maneira semelhante – não igual – ao seu começo, o que aplica o conceito de continuidade, já que um fim também pode ser um novo começo, dando maiores dimensões a um universo. E se você quer um universo grande, basta pegar Game of Thrones.
Para quem assim como eu notou, o primeiro episódio do ultimo ano de Game of Thrones fez uma conexão direta com o primeiro da série. Veja bem, lá na primeira temporada, o exercito do rei marcha em direção a Winterfell, vemos então pelo ponto de vista de uma criança entusiasmada correndo pela multidão que assiste à chegada, ela não consegue ver entre tantas pessoas altas, então encontra a solução, subir em algo para ter uma visão mais privilegiada. Então chegamos à oitava temporada, dessa vez outra criança está correndo na multidão para ver a chegada, mas não a chegada de um rei, mas a de um Rainha.

E a série não fica só nisso, temos a cena da cripta onde dois amigos, um lorde do norte e seu companheiro gordo discutem assuntos importantes em relação ao reino. Na primeira temporada é Ned Stark e Robert Baratheon, na atual temporada, Jon Snow e Samwell Tarly.
E por fim uma cena emblemática, que pode despontar na resolução do primeiro mistério da série, Jaime e Bran se encarando. De onde começou o conflito que gerou a guerra dos cinco reis, a devastação do reino, como uma ponta solta se entrelaçando para finalmente ser fechada.

Sim, essa é uma técnica antiga usada no storytelling e funciona até hoje, inclusive na maior série que presenciamos nos últimos anos, é uma maneira eficiente de amarrar pontas, e como Syd Field cita, finais e inícios se tocam, criando uma unidade de coerência dentro do roteiro, estabelecendo que mesmo os personagens tendo arcos de desenvolvimento, eles começaram de algum lugar, ressaltando sua evolução se comparada com o passado.