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O Humor de Blackkklansman


Blackkklansman, ou Infiltrado na Klan, está concorrendo ao Oscar este ano pela categoria de melhor filme, rendendo outras indicações para o elenco e direção. O filme é uma biografia imprecisa de Ron Stallworth, um policial negro que se infiltrou na Klu Klux Klan durante os anos 70, a fim de desmantelar alguns esquemas criminosos destes. Eu poderia discutir como o racismo e a intolerância representados no longa são reais e preocupantes até hoje, como um policial negro mesmo sofrendo isso subiu de cargo. Mas tudo isso já está evidente no próprio filme, e em muitos artigos pela mídia afora, por isso discutiremos hoje o humor dramático do filme.

Spike Lee, consagrado diretor assina o roteiro do filme, assim como a direção e a produção. Seus filmes são sempre literais sobre o racismo, e ele não faz questão de esconder isso, ou deixar subjetivo, muitas cenas e diálogos são tapas na cara do telespectador, e Blackklansman não foge à regra. Muitos roteiristas não conseguiriam ter o primor de encaixar humor a situação do filme, onde provavelmente, a maioria acabaria desrespeitando a própria premissa e tornando a situação em algo escrachado, minando a tensão de alguns eventos. O filme de Spike Lee vai contra tudo isso.

O diretor sabe muito bem pesar o humor com a tensão, sabendo se colocar no momento certo. Ele opta por satirizar a situação, não de forma escrachada e exagerada como muitos filmes de parodia o fazem, mas de forma natural, como se fosse feito em uma roda de amigos ou colegas durante o dia. Os momentos que pedem por humor naturalmente são atendidos, como quando Ron conversa com um diretor da Klan por telefone se passando por um branco racista enquanto seus colegas não seguram o riso.

A comédia também está em pequenos estereótipos, como a maneira de se comunicar, muitas das vezes os personagens usam de seu racismo como um conhecimento superior, dizendo que podem identificar um negro só pela a fala, o diretor usa dessa informação contra estes personagens, e aqueles que se achavam no papel de superiores começam a fazer o papel de idiotas, sendo enganados até mesmo por conversas no telefone.

O humor também é usado para nos trazer de novo a seriedade da trama, momentos de comédia durante o filme em sua maioria das vezes acabaram com um beat dramático. O personagem do Ron pode estar curtindo um momento com seus colegas e em outro momento é chamado para ocultar sua investigação da impressa, mostrando o lado racista da polícia.

E o longa continua neste vai e vem de momentos leves e momentos de tensão, cominando em um final espetacular que arranca nós, a audiência, da ficção e do conforto de se estar assistindo um filme para a dura realidade que está acontecendo não só nos EUAs, mas também pelo mundo. No fim, sua premissa terá mais peso que o bem-estar de um telespectador acomodado, não é uma produção para rir e esquecer o mundo, é uma produção que sorrateiramente entra em nossas mentes para nos acordar de uma realidade fantasiada para o que está acontecendo.

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