TV: Audiência é qualidade?

Discussões recentes em grupos no facebook levantou a questão. As maiores audiências da televisão aberta, o maior veiculo de entretenimento no Brasil atualmente, são as já conhecidas novelas da Globo. Todos os dias elas atingem marcas inalcançáveis para as outras emissoras, e são comentadas em todos os lugares, na rua, na vizinhança, nas redes sociais, sempre na boca do povo. Mas será que isso significa que audiência é necessariamente qualidade?
Não posso mentir, a qualidade de muitas novelas são superiores a muitos produtos feitos dentro do Brasil, e isto é obvio, os melhores diretores, atores, editores e até roteiristas estão lá, produzindo dia após dia, com pequenos descansos irregulares. Mas aqui nós nos atentaremos a qualidade de texto, deixaremos a parte técnica para outros comentarem, aqui é um blog de roteiro.
Antes de pularmos e irmos direto ao roteiro, vamos explanar o que é audiência?!
A audiência é uma mediação feita pelo numero de pessoas que estão assistindo a TV, e os programas, pontuando estes pelo nível de televisores ligados, domicílios e pessoas. A maior empresa do Brasil no ramo de medição de audiência é o Kantar Ibope, conhecido Ibope que faz outras medições além da televisão. No começo a medição de audiência era feito por porcentagens, ou seja, o número máximo que um programa poderia atingir era 100%, isto nas décadas passadas não era de muita importância, inclusive nesta época a Globo não era soberana, coisa que aconteceu recentemente, nos anos 90, quando ela chegou ao primeiro lugar invicto, sendo que outras ocasiões ela brigava pelo primeiro lugar, perdendo até mesmo para o Chaves do SBT nas tardes. As maiores audiências sempre ficaram para reportagens inéditas, jogos de futebol, esportes e por fim as novelas. Sendo que a maior marca alcançado foi com a novela Roque Santeiro, com 80 pontos.
Os dados indicam popularidade de um programa, e podem variar por N fatores. Eles não servem para atender o telespectador comum, que muitas vezes nem tem noção de audiência. Estes dados são redirecionados ao mercado publicitário, que vende cotas de anúncios para a TV, os famosos comerciais, e que consequente pagam os salários dos envolvidos e cobre os custos, já que a TV aberta é gratuita. Um comercial de 30 segundos durante uma novela pode chegar ao custo de aproximadamente 500 mil reais.
Agora voltamos ao roteiro.
Como visto antes, chegamos a conclusão que a audiência não é correlacionada a qualidade, e sim a popularidade. Novelas se tornaram algo cotidiano na vida do brasileiro, que muitas vezes não prestam atenção na trama, e deixam o televisor ligado apenas para fazer barulho. E apesar de havermos vários roteiristas profissionais desenvolvendo estas, o ritmo indústria geralmente cobra, fazendo com que a qualidade na escrita cai para entregar o roteiro a tempo de gravar, editar e colocar no ar, coisa de semanas.
As narrativas das novelas também estão estagnadas no tempo, com assuntos ultrapassados. Os autores até tentam colocar elementos modernos e discussões que estão em pauta, mas as raízes do folhetim não deixam, recaindo a trama clássica que já conhecemos de trás para frente, isto também colabora para que haja tantos telespectadores, pois, a maioria trabalhadora quando vão assistir algo preferem coisas simples e menos complexas, como uma trama já manjada como as das novelas.
E apesar dos folhetins televisivos ainda serem famosos, o formato está fadado a decair e acabar, claro que não totalmente, pois estes podem migrar para novos formatos, como séries de dramédia. Contudo, a audiência jovem já não é acostumada a assistir a televisão religiosamente todos os dias, devido aos poucos produtos voltados a mesma, se desprenderá dela, e optará por conteúdos que possa ver no momento que quiser, como streamings, possivelmente encaminhando para o fim do maior produto televisivo atualmente.