Entrevista com a Roteirista e Showrunner Karin Gist

A roteirista, produtora e showrunner karin Gist acaba de negociar um contrato de dois anos com a Fox para o drama musical Star. Antes disso ela trabalhou em séries como Grey's Anatomy, Revenge, House of Lies, Undercovers e One Three Hill.

A advogada da vara de família que se tornou roteirista traz um ponto de vista diferenciado e é isso que a levou ao patamar que está hoje. Atualmente Karin vive e trabalha em Los Angeles, ela teve tempo para conversar com a reporter Natasha Guimond do Screencraft e nós trazemos trechos da entrevista traduzida pra vocês.

No que você está trabalhando atualmente?

Acabei de desenvolver um piloto com Lee Daniels (Star, Empire) e estou finalizando a segunda temporada de Star. Estou também desenvolvendo algumas idéias para a proxima temporada.

Tem algo que você já terminou mas que ainda não foi lançado?

A segunda temporada de Star. Vocês TÊM que assistir! Nós estamos muito orgulhosos do trabalho que realizamos. Quando a possibilidade de comandar a série se apresentou, eu tive que sentar e pensar no diferencial que eu poderia trazer para o show. Star tem tudo o que eu gosto. Histórias focadas em personagens, comentário social, musica... A série é sobre inclusão. Eu sempre a defino como "Dreamgirls com política". Quando eu bati o olho na série eu me interessei. Na minha primeira reunião com o Lee (Daniels), a gente já se identificou muito. A gente sabia que trabalharia bem junto.

Como foi a experiência de trabalhar em Grey's Anatomy?

Essa série é um monstro! Muito desafiadora... no bom sentido. 24 episódios por temporada com histórias e personagens que vão muito a fundo. Escrever Grey's trabalha tantos músculos de uma só vez... personagens, voz, estrutura, novela e procedural. Os roteiristas trabalharam muito bem e Shonda (Rhimes) tem uma magia especial que é divertido de assistir. Eu amei!

Você já trabalhou em algum projeto que foi cancelado? Como foi a experiência?

Girlfriends foi cancelada depois de 7 temporadas, durante a greve de 2007-2008. Foi difícil porque eu AMAVA aquela série e aqueles personagens. Ainda dói o fato de não termos conseguido nos despedir de forma satisfatória para o público e a equipe. Eu também trabalhei em Undercovers, da NBC, que foi cancelada depois de 10 episódios. Foi interessante porque a série começou muito QUENTE, mas que não teve conexão com o público. Eu aprendi muito sobre a necessidade de ser bem claro sobre o que é a série além do episódio piloto.

Você gosta de escrever dramas em particular? Qual seus gêneros favoritos?

Drama me atrai, mas eu também gosto de comédias single-camera. Eu estou obcecada por uma série da FX chamada Better Things. Meu gênero favorito para escrever é novela, mas eu gosto muito de séries históricas.

Qual a série que ainda não vimos, mas que você acha que precisamos?

Assim que eu terminar o desenvolvimento eu respondo... mas no geral, eu quero séries mais complexas sobre mulheres de cor. Séries que são diversas e inclusivas tanto na frente quanto atrás das câmeras. Eu chamo de BLACKGIRLMAFIA (A Mafia das garotas negras). Quando eu olho para o futuro, meu objetivo é que a #blackgirlmafia dê voz a essas histórias e incentive novas mulheres a conta-las.

Como você passou de advogada para Showrunner?

Começou com muitos sonhos e devaneios e o dobro de trabalho duro. Eu conseguia ver o letreiro de Hollywood do meu escritório de advocacia e eu sabia que eu não estava vivendo a vida que eu queria pra mim, foi quando eu decidi fazer algo pra mudar. Eu comecei a escrever, sem saber ao certo o que eu estava fazendo. Mas como tudo na vida, eu comecei a estudar. Pratiquei e estudei e segui aperfeiçoando o meu ofício. Por sorte eu consegui um job en Girlfriends no meu primeiro ano e mesmo assim continuei estudando, fazendo pitchs, aparecendo para trabalhar, agradecendo e ESCREVENDO SEMPRE. O trabalho de showrunner veio do nada. Eu estava "casada" com Grey's Anatomy quando recebi a ligação e me apaixonei por Star.

O que você enxerga como sendo a sua maior oportunidade, sendo uma mulher negra na indústria do entretenimento? Como você se sente sobre isso?

A maior oportunidade que existe é a de contar histórias. Criar mundos e pessoas e ser parte de uma conversa. Não importa o seu nível de carreira na indústria, você tem uma plataforma pra dizer o que pensa e para fazer com que as pessoas pensem também. E eu tenho a oportunidade de usar minha voz alta, negra e gay pra fazer isso.

Qual foi o projeto mais satisfatório até agora?

Honestamente, eu tenho que encontrar maneiras de fazer com que TODOS eles sejam satisfatórios. Eu chamo de "entrar dentro de um projeto ou roteiro". Quando eu estou escrevendo, Eu sei que eu ainda não estou "dentro". E eu amo aquele momento "AHAAA" que vem de repente. É a sensação que me faz ficar acordada a noite pensando nisso. É maravilhoso.

Qual o melhor conselho que você tem pra dar para os jovens roteiristas?

ESCREVA. ESTEJA PREPARADO PRA TUDO! Meu agente me disse uma vez que um roteiro pode mudar a sua vida, e é verdade. Então ESCREVA! Porque você quer que esse seu roteiro seja DO CARALHO!

O que você sabe hoje que você desejaria saber há 5 anos?

Durma mais, porra!.... brincadeira...

Um fato surpreendente sobre você que não esteja relacionado com a indústria?

Eu sou uma criatura de hábitos, Eu posso assistir a mesma coisa no café da manhã e no jantar por meses, e é o que eu faço. E eu sou muito nerd de musicais. Tudo desde Grease 2 até hamilton.

Qual o próximo passo pra você?

Qualquer coisa e tudo ao mesmo tempo. Eu vou apenas continuar escrevendo, trabalhando e sonhando.

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