Como o Espaço em Branco Pode Ser o Melhor Amigo do seu Roteiro.

Um roteiro precisa ser fácil de ler. Precisa ser prazeroso. A história deve ser imersiva e a pessoa que estiver lendo, seja um leitor, um produtor ou um diretor, precisa literalmente se sentir compelida a virar as páginas. "page-turners" é a palavra que os americanos usam para descrever roteiros que tem essa característica. Eles fazem a gente esquecer do tempo e enquanto estamos lendo, nos sentimos tão engajados como se estivéssemos assistindo ao filme. Muita gente ainda insiste até hoje em escrever roteiros estilo "bula de remédio", cheios de orientações, "corta para", "sequência de planos", "plongé do personagem" e tantas outros termos técnicos que não têm função alguma a não ser tirar o leitor da história e deixá-lo ciente que ele está lendo um roteiro. Se você é roteirista de uma produtora e já está inserido em uma linha de produção, você sabe que tem uma equipe pronta pra receber o roteiro das suas mãos. Nesse caso faz total sentido que você se comunique direto com eles. Mas se você não tem ninguém esperando o seu roteiro pra produzir e você ainda precisa vender esse roteiro para um produtor, é importante que o seu roteiro seja um page-turner.
Viu como foi difícil e incômodo ler o parágrafo acima? Isso é um exemplo de texto blocado. Grandes blocos de texto que te deixam cansado só de bater o olho. Isso é algo que devemos evitar a todo custo de fazer nos nossos roteiros. Por isso a importância dos espaços em branco.
Nossos roteiros precisam ter uma razão entre ação e diálogo. Essa razão não é exata, mas é possível identificar padrões em diferentes gêneros cinematográficos.
Roteiros de Ficção e fantasia tendem a ter muitas descrições de cena, enquanto dramas contém grande quantidade de diálogos.
Quando você lê roteiros suficientes, você aprende a bater o olho nas páginas e já entender se um roteiro tem uma boa razão entre ação e diálogo.
Para isso, na indústria aprendemos a dividir cada página de roteiro em 8 partes, onde chamamos cada parte de 1/8 de página.

Quando você faz isso você consegue perceber onde existem grandes blocos de texto no seu roteiro. Em um roteiro ideal, uma ação nunca deve ultrapassar 1/8 de página. O número de "oitavas" de um diálogo também pode definir se este está muito longo ou muito curto, o que interfere diretamente no ritmo da história.
Agora vamos falar do impacto que um roteiro bem escrito e bem formatado tem no mercado. Quando uma pessoa lê muitos roteiros, como é o caso de jurados de festivais, produtores ou agentes, eles procuram roteiros que possuem uma boa quantidade de espaço em branco. Isso demonstra que o roteirista tem pleno controle do seu ofício e consegue fazer um roteiro de 200 páginas não parecer cansativo.
Mas não se trata apenas de escrever menos, é preciso escrever melhor. Sua escrita precisa ser eficiente. É preciso falar muito escrevendo pouco. Veja a diferença entre uma página de livro e uma página de roteiro.

Procure escrever de forma eficiente. Pra isso, LEIA MUITOS ROTEIROS, de preferência do seu roteirista favorito. Evite diálogos expositivos demais e excesso de descrição. Confie na capacidade da audiência de preencher certas lacunas sozinha.
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