Como Criar um Currículo de Roteirista?

Durante a live que eu fiz sobre o edital do MINC eu prometi compartilhar com vocês um modelo de currículo utilizado por roteiristas aqui na América do Norte. Muita gente me cobrou e eu busquei modelos além do meu círculo imediato para poder oferecer um formato realmente condizente com a realidade do mercado norte-americano, que na realidade pode ser adaptado para qualquer mercado.

O currículo usado pelos roteiristas que eu consultei para esse artigo são bem similares, inclusive o meu e esse modelo que eu vou compartilhar com vocês é um amálgama de todos esses que eu tive a oportunidade de ver. Depois dessa pesquisa eu até atualizei a forma do meu próprio currículo.

E é bom deixar claro que outras pessoas e profissionais do Brasil podem ter outra visão e outros formatos favoritos. No fim das contas, currículo é um instrumento de vendas e ele serve para vender você como profissional. Por isso o objetivo principal de um currículo é enaltecer as suas qualidades e esconder suas fraquezas.

Vale a pena também reforçar que assim como todo profissional, um roteirista vai ter mais de um currículo. Isto é, ele vai criar um currículo customizado para cada cliente e cada vaga que ele estiver aplicando. Essas dicas abaixo são resultado de minha própria experiência e o que funcionou pra mim no decorrer da minha carreira.

O currículo não serve pra te conseguir um emprego, ele serve para te conseguir uma ENTREVISTA ou, no caso de roteiristas independentes, uma REUNIÃO. É nessa reunião que o profissional vai se vender cara a cara, olho no olho.

Eu me considero um cara bom de entrevistas e minha taxa de conversão entre entrevistas e propostas é relativamente alta, mas até chegar na entrevista, você precisa criar um roteiro que dê ao empregador as respostas que ele está buscando. O segredo para isso é algo tão óbvio, mas que muita gente deixa passar batido: basta ler o anúncio da vaga.

No anúncio de vaga para qualquer profissão, o empregador vai dizer EXATAMENTE o que ele está buscando e são NESSES pontos específicos que você deve focar no seu currículo. Se a vaga pede alguém com experiência em animações é nisso que você tem que focar.

Esse modelo foca nas suas conquistas e na sua experiência para vender o seu trabalho da melhor forma possível. Muita gente duvida do potencial dos festivais e de prêmios de roteiros, normalmente quem espalha que festivais não servem pra nada é justamente gente que nunca ganhou nada e quer espalhar sua frustração para os outros. Minha carreira foi construída em cima de prêmios, pois é com prêmios que você prova que sabe escrever e que tem potencial de não só escrever bem, mas em vencer competições e ganhar prêmios. Os dados pessoais vão em cima, inclusive seus endereços de blog ou portfólio online. É muito importante que você tenha um link de portfólio onde os empregadores possam seguir para ler uma amostra do seu trabalho.

Os Objetivos vão se referir especificamente a vaga que você está aplicando. No caso de um roteirista independente querendo vender uma história, seu objetivo vai ser exatamente esse. "Buscando Produtora interessada em Dramas para a TV" por exemplo.

OS prêmios vêm logo depois e são a prova concreta que você de fato consegue escrever em nível profissional.

Logo abaixo, vem a Experiência Profissional, que se refere a sua experiência na área do audiovisual. Não precisa ser apenas como roteirista. Se você já produziu, dirigiu curtas, documentários, trabalhou em outros filmes é aqui que você vai colocar essa experiência. É muito importante para um roteirista ter experiência de set e saber como funciona uma gravação. Aqui é o lugar para mostrar que você não está caindo de para-quedas nesse meio.

Na segunda página, Outras Experiências vêm experiências relevantes não relacionadas com audiovisual, mas que lhe oferecem um diferencial técnico no seu trabalho. Por exemplo, se você gosta de escrever thrillers policiais e já tiver sido policial, é aqui que você vai mostrar isso. Se você gosta de seriados médicos e for médico, isso é claramente um diferencial. Qualquer assunto de expertise que possa ser usado no seu trabalho como roteirista entra aqui nessa seção.

Educação, onde você estudou, seus cursos de especialização, workshops e masterclasses que lhe deram diplomas ou certificados.

Outros Projetos relevantes. Você tem um grupo de livros? Tem um fã clube de Harry Potter? Faz trabalho voluntário? Esse último diz muito sobre o caráter de uma pessoa e normalmente trabalho voluntário é visto com ótimos olhos por aqui. É quase que obrigatório.

E finalmente, suas REFERÊNCIAS PROFISSIONAIS. Nada de colocar sua mãe ou seus amigos, apenas pessoas que já trabalharam com você e que tenham experiência comprovada na área para atestar a qualidade do seu trabalho. Acredite, empregadores ligam para as referências para ver se o que você falou era verdade. Quanto mais nome no meio a referência tiver, melhor.

Além do currículo, você deve criar também uma COVER LETTER, que é uma CARTA DE APRESENTAÇÃO que você vai mandar junto com o currículo. Nessa carta você NÃO VAI repetir informações que já estejam no currículo. Ao invés disso vai falar sobre você, sobre o que faz de você um bom roteirista e o que o levou a escrever pra começo de conversa. O currículo diz o que você FEZ e a carta diz quem você É. Aqui vale contar uma história ou anedota curiosa que o levou a escrever, suas influências e o tipo de histórias que você mais gosta.

Esse combo de Currículo + Carta são suas principais armas para conseguir aquela vaga em uma produtora, agência ou de conseguir um contrato para desenvolver algo original.

E você? quais são as suas estratégias na hora de mostrar o seu potencial? Você tem alguma técnica diferente? Compartilhe conosco aqui nos comentários ou em nossa FANPAGE.