Quem é esse tal de Pitch?

Sempre que você recomenda um produto, filme ou programa de Tv a um amigo, você está fazendo um pitch. Sempre que a vendedora da loja tenta te convencer a comprar aquele vestido caro, ela está fazendo um pitch. O picth é simplesmente o discurso de venda do seu trabalho, seja este qual for. Mas será que é simples mesmo?
Eu já li e estudei bastante sobre pitching, isso porque pitch é minha kryptonita, meu ponto fraco. Mesmo assim, sendo um cara tímido e extremamente autocrítico, sou capaz de vender meu trabalho em uma conversa casual hoje em dia de uma forma quase natural. Quase porque mesmo hoje, para fazer um pitch de suceso, eu tenho que sair da minha zona de conforto, baixar minhas defesas mentais e deixar o meu ego do lado de fora.
Fazer um pitch para vender um roteiro é como fazer um pitch para vender qualquer outra coisa. Tomates, por exemplo.
Eu vendo tomates. Eu não sou o único vendedor de tomates. Na verdade, o mercado está meio que saturado de tomates. E agora? Como eu faço para convencer o consumidor que o meu tomate é melhor que os outros?
Bom, ninguém melhor do que eu, que planto os meus próprios tomates para dizer quais as qualidades dele. O primeiro cuidado que eu tenho é com a terra. A terra é preparada sem agrotóxicos e fertilizantes artificiais. É um mix totalmente orgânico e reciclável de nutrientes naturais espalhado por todo o campo. As sementes são todas orgânicas, selecionadas dos melhores e mais bonitos tomates e toda a plantação tem tamanho e humidade controlada sem o uso de qualquer agrotóxico. Isso resulta em uma frutoa 100% natural, rica em nutrientes e com um visual fantástico.
Booyah! Esse foi o meu pitch para vender meus tomates. Nada mal eh? Acredito que com esse pitch eu seja capaz de conseguir meus primeiros clientes para experimentar meus tomates. Não se trata de apontar falhas nos outros tomates, e sim de fazer meu tomate o mais atrativo e interessante possível, de acordo com a vontade do meu cliente.
O pitch tem, normalmente 3 objetivos principais: VENDER, VENDER e VENDER.
Uma vez que entendemos pra que serve o pitch, é hora de saber o que o meu cliente quer. E o mais importante, QUEM É MEU CLIENTE? Utilizando o pitch acima, eu tenho uma grande probabilidade de sucesso para vender meus tomates para mercados especializados em vegetais orgânicos, ou até para pessoas que se preocupam com a origem da sua comida. Porém, se o meu cliente é uma grande rede de supermercados, ele provavelmente pouco se importa com tudo isso que eu falei acima. O pitch para esse cliente vai ser diferente.
“Os meus tomates são tão, ou mais bonitos do que os outros tomates, mas custam menos.”
BOOM! Assim eu conquisto o grande cliente. Mostrando que o meu produto tem a mesma qualidade que o produto que ele consome, porém custa menos. Esse é o botão que eu tenho que apertar no meu pitch.
A coisa mais importante que devemos ter em mente ao preparar o pitch é saber pra quem você está tentando vender o seu roteiro. Eis algumas perguntas que VOCÊ, roteirista, deve responder antes de tentar abordar qualquer pessoa.
Quem é esse cliente?
O que ele já produziu no passado?
Quanto seus últimos trabalhos renderam?
Que tipo de conteúdo esse cliente produz?
Qual o nível técnico e artístico dos proutos desse cliente?
Qual o PODER AQUISITIVO do seu cliente?
Essa última pergunta é a principal, pois você JAMAIS vai conseguir vender um produto por MAIS do que o cliente possa pagar. Seja realista. Veja o tamanho da empresa, quanto essa empresa investe em seus filmes. Se o cliente for pessoa física, veja qual o padrão de vida dele? Ele é milionário? Pouco provável, pois se fosse não contrataria um roteirista iniciante. Se ele for qualquer coisa abaixo de “Podre de Rico”, entenda que você está lidando com um profissional como você, que provavellmente não tem muitos recursos para te pagar. Aí você deve pesar o que é mais importante para você: Segurar um roteiro indefinidamente até achar o cliente perfeito, ou vender esse roteiro, receber a quantia que for e partir pro próximo.
EU já disse antes e vou repetir. VOCÊ NÃO VAI FICAR RICO COM SEU PRIMEIRO ROTEIRO. Por isso penso que é melhor acabar logo de vez com isso e partir para os próximos. Ter um roteiro produzido, MESMO que você não tenha recebido um pagamento “justo” por ele, vale mais do que um roteiro na gaveta. Lembre disso.
Então, quando for preparar o pitch do seu roteiro, tenha em mente:
O que o seu roteiro traz de novo para o mercado?
Por que o seu roteiro é melhor do que os outros?
O que faz de você a melhor pessoa para escrever essa história?
Qual o público da sua história e como você dialoga com ele?
Quanto custa para filmar esse roteiro?
E esteja preparado para responder qualquer uma dessas perguntas A QUALQUER MOMENTO.
Bom, por enquanto é isso. Se você ainda tiver mais alguma dúvida sobre Pitch, mande para roteiristaempreendedor@gmail.com que eu terei prazer em responder.
Um abraço.