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Como Conseguir uma Produtora



Sempre que aparece um concurso ou oportunidade para roteiristas, muitos logo esbarram na primeira exigência, que é ter ou fazer parte de uma produtora devidamente regulamentada e cadastrada. Muitos consideram isso injusto, mas eu os convido a tentar enxergar a realidade do mercado.


Um produto audiovisual, principalmente um produto que será exibido em um canal ou emissora de grande porte, é e deve ser encarado como um produto, o que de fato é. Não estou colocando em questão o valor artístico e criativo da obra. A partir do momento que você decide ganhar dinheiro com aquilo, é um produto.


Um produto deve ser vendido, e o cliente, obviamente vai querer saber quem fez esse produto, vai querer se certificar da qualidade e competência do profissional envolvido antes de tomar qualquer decisão. Isso é uma coisa natural e inerente a qualquer transação comercial de compra e venda. Você, no caso, o VENDEDOR é quem deve se preocupar em fornecer referências e garantias para o seu cliente, e não o contrário.


Ter, ou fazer parte de uma produtora é a forma mais eficaz de separar os amadores dos profissionais. A indústria de Cinema e TV movimenta muito dinheiro, e é inocência pensar que qualquer um pode simplesmente chegar e pegar uma fatia do bolo, sem nem ao menos mostrar a que veio. Se você quer escrever e ser remunerado pelos seus roteiros, você primeiro deve provar que domina o ofício e entende o mercado, do contrário, você não é um profissional...AINDA. Se um roteirista não é capaz de avançar a própria carreira, se afiliando ou criando a própria produtora, é sinal que ele ainda não esta pronto para atuar no mercado. Você não contrataria um cozinheiro para construir sua casa, nem um carpinteiro para operar o apêndice. O mercado está a procura de profissionais capazes de atuar dentro das exigências do mercado, isso significa ter um contrato social, registro profissional, emitir nota fiscal, etc. DO contrário, você estará para sempre fadado a clandestinidade e amadorismo.


Mes e então? Como o roteirista iniciante, que acabou de escrever seu primeiro longa-metragem ou série de TV faz para se associar a uma produtora? Vamos enxergar por esse lado:


Retire por um momento o seu chapéu de roteirista e coloque o seu chapéu de vendedor. Você tem um produto único nas mãos, algo em que você acredita plenamente no potencial comercial. Como você faz para vender o seu produto?


A primeira coisa é definir o seu PÚBLICO ALVO. Quem é o seu cliente? Aonde ele vive e quanto ele ganha? Quem são as pessoas que vão ser os consumidores iniciais do seu produto fantástico?


Encontrou? Já sabe pra quem vender seu produto? Agora procure quais são as produtoras e emissoras que se dedicam a produzir esse tipo de conteúdo. Produtoras que explorem o mesmo público-alvo que você quer atingir


Agora vem a parte principal, a parte que vai requerer trabalho e dedicação do profissional. Com a lista dos seus potenciais parceiros em mãos, é hora de elaborar um PITCH, uma proposta comercial. “Mas eu sou roteirista e não produtor”. Nesse caso, sinto muito. O roteirista PRECISA ser empreendedor. Ele não precisa ser especialista, mas saber como o mercado funciona e saber o que faz um produtor é esencial.


E como você prepara essa proposta? Aí depende. Você deve perguntar para você mesmo: “O que eu quero dessa produtora?” Parece uma pergunta meio óbvia, mas eu peço que você tire alguns minutos para pensar nela. O que você quer da produtora e o que você está disposto a oferecer em troca? Não existe um pdrão, cada negociação é única, por iso é importante você colocar na cabeça que isso não é um roteirista pedindo esmolas ou favores de uma produtora. Isso é um empresário falando com outro, com uma proposta comercial que vai beneficiar ambos. Da mesma forma que você não está ali para pedir favor, tenha sempre em mente que o produtor também não está ali para fazer caridade. Se você quer que alguém INVISTA no seu trabalho, você deve ter algo para oferecer em troca.


Quer ganhar a atenção da produtora? Ao invéz de PEDIR ajuda, OFEREÇA a eles a oportunidade de ganhar MUITO dinheiro as suas custas. Não leve isso como uma coisa ruim. O mercado é isso mesmo. Eles querem saber se podem fazer dinheiro em cima de você. Se acharem que sim, ou se você conseguir provar que sim, pode ter certeza que o dinheiro sempre fala mais alto.


Vejo muita gente errando simplesmente por abordar uma produtora com uma postura errada. Entram como cachorrinhos famintos, com o rabo entre as pernas, implorando por uma migalha para provar o seu valor. Não é assim que funciona. Se você fizer isso vai ser rejeitado TODAS as vezes. Se você quer GANHAR DINHEIRO com esse filme, você deve ter uma estratégia para ganhar dinheiro. Você tem? É isso que o seu parceiro produtor espera de você.


Vamos agora colocar o chapéu de Matemático e vamos começar a fazer contas, pois conta é uma coisa que o Roteirista Empreendedor faz bastante. O que eu vou falar aqui apenas arranha a superfície do assunto, e eu vou explorar mais um pouco disso no meu segundo livro, O Guia Prático de Roteiro de TV, que vai ser lançado ainda esse ano.


Eu escrevi uma minissérie sobre adolescentes, porém com temática adulta. O projeto foi feito para que o elenco principal seja formado por adolescentes de verdade, atores desconhecidos ou estreantes. Porém, para compensar, populei o universo da trama com personagens secundários perfeitos para receber particpações especiais para atores famosos, que podem agregar valor ao meu projeto. Cada ator, diretor e profissional, traz consigo uma legião de seguidores, que vão ser os seus consumidores iniciais. E como você calcula isso? Para ter uma ideia, basta somar o número de seguidores que cada um dos atores e profissionais têm nas redes sociais. Assim, você descobre o ALCANCE POTENCIAL da sua obra.Alcance potencial significa quantas pessoas o seu produto tem capacidade de alcançar inicialmente. Se o Alcance Potencial for maior do que os custos de produção, o projeto recebe Sinal Verde.


Eu passei muito tempo no Brasil, literalmente batendo de porta em porta, visitando produtoras, com um roteiro debaixo do braço até achar alguém que aceitou se reunir e ouvir minha proposta. Na época, meu projeto estava pronto. Eu tinha atores, equipe pronta para trabalhar, todo mundo embarcado e pronto, só faltava a grana, que iríamos captar da ancine, mas como não tínhamos produtora, não podíamos captar. O jeito foi encontrar uma produtora que topasse servir APENAS como proponente. Isso significa que eu e minha equipe nos encarregamos de todas as etapas de produção e captação, a produtora não precisa fazer absolutamente nada, apenas servir de proponente, cedendo seu nome, cnpj e curriculo para a ancine. Como contra partida, ofereci a produtora 30% dos direitos patrimoniais da minha obra. Significa que tudo o que o projeto ganhar, a produtora fica com 30%.


Essa não é a única forma, mas foi a que funcionou pra mim. Assinei contrato com a produtora e finalmente consegui uma casa para a minha minissérie.


Dois anos depois, me mudei para Recife e estava decidido a finalmente me tornar um produtor de conteúdo nacional. Para isso, resolvi criar minha própria produtora, o que ´é muito mais simples do que você imagina. Arrume um contador, providencie a documentação necessária e ele vai tirar o cnpj em seu nome. A burocracia assusta, por iso que você precisa ter um contador que vai fazer seu cadastro na junta comercial, emitir seus talões de nota fiscal, etc.


Com o CNPJ em mãos, é hora de fazer o cadastro na Ancine. Cadastre a empresa e as obras dela. Se não tiver nada, for estreante, não tem problema. Produtoras estreantes podem captar dinheiro sim e existem inclusive editais específicos para profissionais e produtoras estreantes.


Ter a própria produtora é a melhor forma de se profissionalizar, já que o objetivo do roteirista empreendedor é não depender de ninguém. Não existem portas abertas para o seu conteúdo? Construa uma porta então.


Encontrar uma produtora não é difícil. Com a internet e as redes sociais hoje em dia, você consegue contato virtualmente com todo mundo. É a FORMA como você faz o contato que conta. Você assinaria um contrato minionário com um profissional que não tem portifóliopara mostrar e se porta como um amador? Eu acho que não.


É isso, se você gostou ou ainda tem dúvidas, mande sua questão para o e-mail roteiristaempreendedor@gmail.com que toda semana eu vou fazer um video de perguntas e respostas no noso canal do youtube.


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